Hoje eu quero falar de mim. Posso?
Tem dias
que estou segurando algumas coisas no meu peito, preocupado em não expor meus
sentimentos e louco para gritar o que tenho sentido. Mas esta noite foi um
turbilhão de pensamentos e eu resolvi, como de costume, escrever. Afinal, este
blog foi criado para isso: O que tenho pensado!
Estive
pensando em como me comporto com o final dos meus relacionamentos e notei que
existe uma repetição de fatos e atitudes em todos os términos. Existe uma
repetição da forma com que me sinto e me comporto. Com vocês é assim?
Durante o
término eu sou tomado com uma raiva monstruosa. Um sentimento de injustiça com
as ofensas que ouço e com os motivos que levam a estas ofensas. E como todo
animal acuado, eu parto para o ataque e falo coisas que não acredito e que não
deveria. Instinto animal de apenas ferir.
Logo em
seguida já me sinto muito, mas muito mau, mas sem a capacidade de tentar
consertar o que foi dito e deixando as coisas acontecerem, como em um estado de
transe muito louco. Meu cérebro simplesmente desliga...
Quando essa
massa cefálica é reiniciada, me sobra o desespero. O mais puro e profundo
desespero. Começo a me culpar por tudo (mesmo não tendo tido a culpa), me pego
repensando minhas atitudes, nas palavras que eu disse e vem a pior parte:
Reanaliso toda a situação pensando em como eu deveria ter me comportado e quase
sempre vejo que se eu tivesse segurado meu ímpeto, nenhuma dor duraria mais que
alguns instantes.
Com o
orgulho ferido, os dias vão passando. Dia após dia os pensamentos são de que eu
deveria ter sido melhor compreendido. Que eu deveria ter falado a coisa certa
para acabar com aquela discussão, mas que nada disso aconteceu. Voltamos à fase
da raiva. Dessa vez do casal!
O tempo vai
passando e as coisas não se modificam. Então me pego pensando em quem feriu
mais. Em quem errou mais... Tento mentalizar as coisas, mas já está tudo tão
confuso... A casa está vazia, o guarda roupas está vazio, a cama não tem mais
do que uma pessoa, a programação não tem anda interessante... O que ela está
fazendo? Ela já superou? Ela já está em outra? – Preciso falar o quão mal é
este momento? Acho que não, né?
Já não quero
ficar em casa, mas também não quero ficar na rua. Não quero ficar sozinho e
também não quero estar com ninguém. Já odeio as pessoas que me cercam por não
me tirarem dessa situação (e elas não sabem, só me veem sorrindo). É uma
confusão louca dentro da minha cabeça.
Mas os dias
vão passando... E vida vai seguindo e eu vou levando. Não é que a dor deixa de
existir. Muito pelo contrário. Ela é intensa, persistente, se torna física,
provoca falta de ar, inibe o apetite, trás consigo a insônia... Uma vontade de
fumar louca! Eu absurda! Mas não... Não vou fumar, não vou beber, não vou lutar
mais... Vou conversando com a dor a fim de acalma-la pelo menos um pouco. Vou
me pegando a esperança de que ela vai embora quando eu menos esperar, assim
como já fez em outras ocasiões. Como eu disse: É um padrão! Sempre é assim...
A dor de
perder quem se ama é uma grande porcaria, sabe? Saber que se perdeu sem ter
errado – ou pelo menos não ter feito a merda que foi acusado de fazer – provoca
um bônus. Acordar e saber que tem que se reinventar, se reprogramar, encarar o
mundo sozinho outra vez, lidar com os olhares carregados, reconstruir planos de
uma vida inteira em pouco tempo... É só um fardo extra. Afinal, amar não é
isso? Fazer planos, ter sonhos e dividir a vida real? Mas... Vida que segue...
Sempre
restam boas lembranças. Muito mais do que aqueles breves instantes de
insanidade mental que fere a alma. Boas risadas, boas conversas, bons
momentos... Amor na sua simplicidade. Amor intenso, profundo, intrínseco na
alma, mas doente e fraco a ponto de cair com uma forte tempestade.
E esta
tempestade provoca outra, devasta campos floridos, inunda mentes... E no final,
o sol há de surgir.
Sabe o que é
o mais engraçado de tudo isso? Quem provocou a merda, comemorou e segue sua
vida de imundície em paz. Isso é muito louco! Destruiu um relacionamento em
construção, desrespeitou duas pessoas e ainda tentou tirar proveito disso.
Agora eu estou aqui, minha amada está lá, as famílias nos culpam, nós nos
culpamos e na verdade, quem fez o estrago não conseguiu o que queria, mas tem
bons motivos para sorrir. Pessoas infelizes tendem a tentar estragar a
felicidade dos outros, e as vezes, conseguem.
Comentários
Sei que você é homem pra assumir seus erros e na boa? Foi muito homem de se abrir assim. Eu jamais faria isso. (rs)
Mas cara, suas palavras são muito foda! Eu entendo plenamente o que você diz.
Agora é seguir em frente, se não tem como consertar as coisas e esperar tudo se acalmar, né não irmão?
Saudades de você meu amigo!