Que pensamento estranho...

     Não sei mais quantos recomeços já vivi e não consigo imaginar quantos outros ainda ei de viver. Mas sim! Já me preocupo com a quantidade. Essa quantidade de recomeços por finais iguais. Esses números assustadores de erros fatais atribuídos a mim sem que eu, sequer, os tenha imaginado.
     Mas este recomeço é, pelo menos a primeira vista, diferente (acho que talvez todos sejam, né?). Não estou em busca de outro alguém. Estou em busca de uma pessoa que eu tanto amei, tanto odiei, tanto judiei. Alguém bem conhecido das minhas vivências... Estou em busca de mim. Repensando meus passos para saber, verdadeiramente, em qual esquina me perdi.
     Imagino que eu vá me encontrar em uma calçada suja, com uma garrafa de vodka em uma das mãos, um cigarro apagado na outra, cabeça baixa e olhar vazio, tentando entender o que se passa. A típica cena de um ser com o coração arrebentado, um momento de vácuo existencial e a cabeça cheia de pensamentos. Aquele meu estado a tanto apagado de estar chapado e querer mostrar sobriedade.
     Me sentarei ao meu lado, acenderei o cigarro e ficarei me olhando, esperando o próximo ato. Como sou educado, tenho certeza que irei me oferecer um gole da garrafa, que com certeza não recusarei. Beberemos juntos! Um brinde a tantas histórias. Um brinde ao reencontro.
     Não vale tanto a pena debater todos os passos mal dados. Estes fazem partes daquelas coisas que não voltam atrás, sabe? A gente até quer discutir o que passou, mas desde que o mundo é mundo, pouca utilidade está discussão trouxe.
     Sei que vou reencontrar muita coisa perdida no meio do caminho. A sacola sentimental está rasgada. Pessoas, lembranças e valores foram ficando pela estrada. Mas não se engane achando que isso é de veras genial! Muita coisa que se perde não deve ser encontrada. Existe sempre um motivo para uma sacola rasgada.
    Mas voltando ao encontro... Entre um gole e outro, um trago e outro, palavras não se farão necessárias. Aquele momento mágico em que a gente se vê, sem nem mesmo se olhar. Vou me levantar, estender minhas mãos, analisar bem as pegadas e seguir, junto a mim, por um caminho onde elas não estejam.

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