Enigma...

E como quem não quer nada, o pequeno espaço que eu habitava se tornou tão grande quanto o infinito. Quase tão extenso quanto o vazio crescente que ocupava meu ser dia após dia. Minha cama se encolheu, minha visão se nublou e eu só pensava em estar naquele mesmo lugar onde um dia desejei nunca mais voltar.
Queria apaixonar-me, mas como? Eu mesmo fiz questão de furar cada vaso de esperança que existia em meu coração. Fiz questão de destruir em mim a ingenuidade natural que existe em todos os homens, permitindo-os sonhar.
E agora, perante o vazio, olhando um céu sem estrelas, com olhos sem brilho me pergunto: O que vale mais? O isolamento sem dor, que me dilacera ou a presença que trás consigo o sofrimento outrora tão avassalador ?

Trato a solidão com respeito. Assim como um velho sábio, seu silêncio me trás ensinamentos valiosos. E de tudo o que aprendi, algo se destaca: Conhecer-se é uma dádiva e uma maldição.

(Texto de 2020)

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