Onde mora o impossível
Amigos são, por essência, mistério e milagre. Em meio às tempestades da existência, tornam-se brisa suave de maresia; e nos abalos sísmicos da alma, firmam-se como fortalezas, bunkers de ternura e abrigo.
Havia nele — aquele que agora escreve em silêncio emocionado — a crença de que partilhar o fardo da vida era uma utopia bonita demais para ser vivida. Admirava de longe a cena quase mítica de um ser humano carregando o outro, quando este já não tinha forças para caminhar. Parecia-lhe poesia distante, quadro de um mundo inalcançável.
Mas o que é imaginário senão aquilo que ainda não se fez real? Pois é exatamente isso que acontece: aqueles que chama de amigos ultrapassam os limites do que julgava possível. Eles acolhem suas dores mais agudas, suas crises e os medos mais íntimos. Amparam, com mãos firmes e corações atentos, até mesmo seus espinhos. E, talvez mais importante que tudo, respeitam seu silêncio e os contornos únicos do seu “que”.
Gratidão? Ele se pergunta se essa palavra, tão pequena diante do que sente, é capaz de conter o universo que pulsa em seu peito agora. Seus olhos marejam enquanto escreve — pois é neste gesto singelo e verdadeiro que tenta, com a profundidade de sua alma, agradecer por tê-los em sua vida.
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