Contradição educacional



Para consertar a educação, é preciso consertar as pessoas. Mas, para consertar as pessoas, é preciso consertar a educação. Percebe a armadilha? Criou-se um ciclo vicioso de difícil ruptura, um problema sistemático de proporções quase incontroláveis.

A contradição dessa ideia é perturbadora, sobretudo quando notamos que o número de pessoas realmente dispostas a corrigir a rota é muito menor do que o daqueles que preferem assistir, passivamente, a este barco à deriva.

Basta se mostrar indignado para ouvir, quase de imediato, vozes que tentam silenciar sua revolta: “as coisas são assim mesmo”, “não vale a pena se estressar”, “quanto antes aceitar, melhor”. E, como se fosse um metal raríssimo no universo, dificilmente se encontra alguém que compartilhe a mesma indignação, o mesmo fogo no coração para enfrentar essa realidade.

E talvez seja justamente essa a parte mais dolorosa: perceber que a maioria se acomoda, se cala e se molda ao fracasso, enquanto poucos ousam remar contra a corrente. A revolta, por vezes, parece inútil diante de uma maré tão forte. Mas é nela que ainda pulsa uma chama de esperança — porque, mesmo minoria esmagada, existem aqueles que insistem, resistem e não aceitam que o futuro seja apenas um barco à deriva. São poucos, mas são eles que mantêm viva a possibilidade de mudança.

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