Educação: um barco furado?
Faz tempo que a escola não é para todos. Talvez nunca tenha sido. Ainda assim, gosto de acreditar que houve uma época em que os jovens buscavam conhecimento, movidos pela curiosidade e sede de novidade. Mesmo nesse tempo hipotético, já existiam os que viam nos estudos um caminho para melhorar de vida — e os que só queriam curtir a jornada.
E hoje? Diante do desinteresse dos estudantes, da apatia dos pais e da exigência de uma mão de obra cada vez menos qualificada para alimentar a cultura do consumo e sustentar uma política falida, governos inventam mil e uma formas de distribuir diplomas a analfabetos funcionais, políticos e sociais.
Governos? Para que investir na valorização dos professores? Melhor criar projetos fantasmas, sugar a saúde física e mental desses profissionais e empurrá-los ladeira abaixo rumo à precarização do ensino público.
Gestores? Quanto mais "aprovações", mais dinheiro na conta, mais pais felizes, governo satisfeito e o cabide de empregos garantido por mais alguns anos — com ótimos salários, é claro.
Professores? Já embarcaram sabendo que o barco era furado. Só não sabiam o tamanho do rombo. Aos que se adaptaram e estão no cargo apenas pela estabilidade, sejam bem-vindos. Aos iludidos que ainda acreditam que a educação pode mudar o mundo, deixo uma pergunta: quem realmente quer que o mundo melhore?
Aos pais, fica o meu questionamento: Vocês são eternos? São mesmo os verdadeiros educadores de seus filhos? Acompanham, de fato, a vida deles?
Toda regra tem sua exceção, mas no caso da nossa educação, a exceção deveria ser a regra. A cada dia, a cada chamada, a cada e-mail institucional ignorado, a cada flagrante de perseguição a um professor, a ideia de uma educação com equidade e qualidade se distancia mais — rumo à utopia filosófica de sonhadores derrotados.
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