Espinhos
Houve quem visse na rosa, só a dor,
como se o espinho fosse erro,
como se a beleza precisasse ser pura,
sem defesa, sem risco, sem peso.
Mas há espinhos em tudo que vive,
na árvore que abraça o céu,
no cacto que guarda a sede,
na palavra que fere e ensina.
Quem disse que maciez é virtude?
Que a vida há de ser lisa,
sem arestas, sem susto,
sem luta para existir?
O espinho é escudo,
é a voz do silêncio,
é a lembrança de que tocar
nem sempre é possuir.
Então, antes de temê-los,
aprende a vê-los:
há espinhos que protegem,
e há mãos que sabem respeitar.
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