Quase uma oração


Tenho trabalhado muito minha mente para desconstruir aquilo que enraizaram no meu subconsciente: a ideia de que, como professor, devo mudar o mundo ou reparar o descaso que parte desta geração tem pela educação.

Não sou salvador da pátria, nem herói. Sou um profissional formado e capacitado para ensinar. Na faculdade, não me ensinaram a sacrificar minha saúde física e mental para convencer os alunos de que precisam ser estudantes.

Meu compromisso é dar o melhor de mim àqueles que desejam aprender. Esses merecem meu esforço. Quanto aos demais, que colham o que plantaram. E quando tentarem me culpar pelo fracasso, minha meta é não me deixar abalar e ter a clareza de que estive em sala de aula por todos, mas que nem todos estiveram lá para aprender.

Quando os pais vierem reclamar, culpar-me e colocar os filhos em altares invisíveis, que eu tenha a sabedoria de dizer o que precisa ser dito: durante um ano inteiro não se preocuparam com a vida escolar deles, e agora precisam colher, junto com eles, o fracasso. Mas sem perder minha razão.

E, por fim, quando a supervisão pedagógica ou a direção apontarem minha suposta incompetência por não ter feito milagres, que eu possa mostrar que a instituição é quem falhou — e evidenciar os resultados que realmente importam: os daqueles que quiseram, se dedicaram e aprenderam.

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