Direitos sem deveres, futuros sem rumo
Às vezes, sinto um peso enorme no coração ao olhar para essa geração que está se formando diante de nós. Uma geração que coloca o prazer antes das obrigações, que acredita que tudo deve ser fácil, rápido e imediato. Direitos são exigidos com veemência, mas os deveres, esses, parecem invisíveis. É como se o equilíbrio tivesse sido esquecido.
O futuro? Muitos não o enxergam. Não é planejado, não é sonhado com esforço, não é construído com disciplina. É tratado como se fosse cair do céu, como se bastasse existir para conquistar. E quando algo exige dedicação ou paciência, a frustração vem como um muro intransponível. Afinal, ouvir um “não” ou enfrentar uma dificuldade tornou-se quase insuportável.
Como professor, me dói ver isso. Porque sei que a vida não perdoa a falta de preparo. Ela cobra, e cobra caro. Não existe caminho fácil, não existe vitória sem esforço, não existe direito sem dever. Mas parece que muitos se esquecem disso.
O que me entristece ainda mais é perceber que, ao tentar proteger demais, ao evitar que os jovens sintam a dor da frustração, acabamos entregando a eles um futuro frágil, sem estrutura. Uma geração que não sabe lidar com perdas, que teme os desafios e que acredita que tudo deve vir embalado e pronto.
E eu me pergunto: até quando? Até quando vamos sustentar essa ilusão de que a vida pode ser feita apenas de prazeres e facilidades? Porque eu sei — e qualquer um que já enfrentou a realidade sabe — que o mundo não tem paciência com quem não aprendeu a lutar.
Comentários