A Ilusão da Alma Gêmea
Ela ria das minhas histórias, até das que mal tinham enredo,
E ao seu lado, o peso dos dias parecia se dissolver no vento.
Acreditei ter encontrado um porto seguro, uma calmaria em meio à tempestade,
Mas com o tempo, percebi que seus ventos sopravam em outra direção.
Seus olhos, que antes pareciam faróis, guiando-me na escuridão,
Revelaram-se meros reflexos de um brilho passageiro.
Enquanto eu buscava construir uma ponte entre nós,
Ela apenas flutuava, deixando-se levar pela correnteza do momento.
Eu, que tantas vezes afundei nas profundezas do passado,
Vi em sua presença a promessa de redenção.
Mas suas mãos, que eu julgava me segurar firme,
Apenas tocavam a superfície, sem mergulhar na essência do que sou.
A cada conquista minha, seus aplausos eram sussurros, distantes e vazios,
E quando eu mais precisava de âncora, ela era apenas vento.
Nos momentos de prazer, eu era seu refúgio, sua fuga da realidade,
Mas fora disso, eu era apenas uma sombra à deriva.
Agora, olhando para o horizonte, compreendo:
Não era uma alma gêmea, mas uma miragem no deserto.
E enquanto eu lutava para navegar em mares profundos,
Ela se contentava em boiar na superfície do efêmero.
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