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Perder-se

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Perder-se é um ato de coragem, desfazer os mapas, romper as margens. Caminhar por becos de sombra e espelho, onde o silêncio revela o que há de mais velho. No caos das rotas que se despedaçam, as verdades caem, os medos se abraçam. Mas é na ausência do rumo que o eco renasce, e o vazio se faz solo onde a alma se refaz.

Bem que transborda

Quero-te bem, mais que ao vento Que sopra leve a canção do tempo. Esse querer não é de hoje, nem de ontem; é coisa que o tempo forjou no silêncio. Já vivi dores que o mundo não contou, já celebrei vitórias que ninguém viu. Aprendi que querer bem não é promessa, é olhar a vida do outro e sorrir por dentro. Teu caminho é teu, mas o acompanho de longe, sem invadir, sem cobrar. Apenas torcendo. Cada passo teu é um peso a menos no peito, uma prova de que a vida ainda pode ser justa. Não te desejo nada além do que te faz grande. Não espero nada em troca, só tua liberdade. Se brilhas, iluminas meus dias já longos, e no reflexo do teu riso, encontro meu descanso.

Mestre

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Mestre é aquele que não se limita a ensinar, e se abre para o aprender constante. Reconhece que os ensinamentos podem vir de tudo, de todos, em todo e qualquer lugar. Mestre é aquele que se alegra ao ensinar, mas salta de alegria ao conseguir aprender. É quem está disposto a mudar, a se adaptar, e a assumir a fragilidade do ser e do pensar. Mestre é aquele que sabe dar bronca e colo na mesma medida. Que exige o máximo, cobra empenho, mas respeita as limitações dos aprendizes. Mestre não é aquele que não critica, que só facilita, que apenas brinca... É aquele que fala, com sabedoria, as verdades da vida. Que cobra tua evolução diária e vibra com cada passo teu. Mestre não é quem acumula diplomas, anos de estudo ou títulos. A arrogância cega e limita. Muito mais ensina aquele que, todos os dias, aprende com os mais diversos e inesperados mestres que cruzam teus caminhos.

Feliz dia do professor?

O Dia do Professor, celebrado hoje (15 de outubro), é uma data que deveria ser marcada por homenagens e reconhecimento, mas também nos convida a refletir sobre os desafios enfrentados por essa profissão essencial para o desenvolvimento de uma sociedade. A importância dos professores na formação de cidadãos críticos e na construção de um futuro melhor é inegável, mas, infelizmente, essa relevância nem sempre é refletida nas condições de trabalho e no tratamento que eles recebem. No Brasil, os professores têm lutado contra a desvalorização, que se manifesta em diversas formas. A remuneração é um exemplo gritante: o salário médio de um professor brasileiro está entre os mais baixos do mundo. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um professor no Brasil ganha cerca de 40% a menos do que a média dos países membros da organização. Em países como Luxemburgo, o salário anual de um docente pode ultrapassar os US$ 100 mil, enquanto no Brasil, o valor n...

A Ilusão da Alma Gêmea

Ela ria das minhas histórias, até das que mal tinham enredo, E ao seu lado, o peso dos dias parecia se dissolver no vento. Acreditei ter encontrado um porto seguro, uma calmaria em meio à tempestade, Mas com o tempo, percebi que seus ventos sopravam em outra direção. Seus olhos, que antes pareciam faróis, guiando-me na escuridão, Revelaram-se meros reflexos de um brilho passageiro. Enquanto eu buscava construir uma ponte entre nós, Ela apenas flutuava, deixando-se levar pela correnteza do momento. Eu, que tantas vezes afundei nas profundezas do passado, Vi em sua presença a promessa de redenção. Mas suas mãos, que eu julgava me segurar firme, Apenas tocavam a superfície, sem mergulhar na essência do que sou. A cada conquista minha, seus aplausos eram sussurros, distantes e vazios, E quando eu mais precisava de âncora, ela era apenas vento. Nos momentos de prazer, eu era seu refúgio, sua fuga da realidade, Mas fora disso, eu era apenas uma sombra à deriva. Agora, olhando para o horizont...

Fortalezas de pedra e silêncio.

São montanhas que erguem-se sozinhas, picos de pedra, duras na face do vento. Crescem, acreditam-se imbatíveis, esculpidas pela força de suas próprias tempestades. Cada rocha, um peso carregado em silêncio, cicatrizes disfarçadas entre vales profundos, e, no eco do vazio, negam qualquer mão estendida, pois crêem que a grandeza é forjada na solidão. Mas mesmo a montanha sente a chuva, mesmo o aço racha sob o calor do sol. E a terra que não aceita o toque das raízes seca, frágil, parte-se ao menor tremor. Há força na pedra que se abre ao musgo, na montanha que abraça o rio e a neblina. Aqueles que recusam a mão que os alcança esquecem que até o céu compartilha suas nuvens.

Ciclos de vazio

É intrigante como promessas que pareciam eternas Se perdem no vazio, E sentimentos outrora intensos Desaparecem como uma brisa leve... Felicidades apagadas, Feridas esquecidas, Ciclos que se encerram sem grande aviso... Será essa a vida? Não deveria ser assim. Mas o vazio nas pessoas, Que transborda em momentos breves, Tenta saciar uma sede silenciosa e dolorosa. Sucumbe em pequenos instantes... E nada mais. E ao final desses ciclos tão curtos, o que resta? Perder-se em futilidades gentis, Iludir-se, fingindo buscar algo real, Mas vivendo sempre de fantasias juvenis, Fugindo dos percalços de amar, Esperando que o mundo se adapte Às suas vontades rasas, Superficiais, Mas, paradoxalmente, verdadeiras.

Mais um gole...

Hoje me levantei, preparei um café e ainda com cara amarrotada senti na porta pra sentir o clima... E ao meu lado sentou a solidão... Aquela vontade de estar ao lado das pessoas que amo, dos barulhos, de ouvir "um bom!". Mas a casa está vazia e os únicos sons que ouço são dos pássaros... Livres e felizes... E eu? Preso a tudo aquilo que permeia minha cabeça. Acendo um cigarro e abro o bloco de notas sem saber o que de fato escrever. Mais um gole no café, mais um trago. Uma leve olhada para o alto. Observo uma formiga solitária andando de um lado para o outro. Será que está perdida como eu nesta manhã? Ao longe ouço batidas de uma obra e o vento nas folhas das árvores. Mais sons se juntando em meus ouvidos. É... O mundo é lindo do lado de fora e caótico do outro lado. Mais um gole de café... O cigarro já se apagou e a formiga já se foi sei lá pra onde.

Café

Me levanto em silêncio. Ainda está cedo, e posso apreciar aquele friozinho gostoso do nascer do sol. E mesmo sozinho, com a casa vazia, cultivo o silêncio. Vou vagarosamente e cheio de preguiça para a cozinha preparar um belo café. Minha mente, quase sempre agitada, está calma, me permitindo controlar apenas a temperatura da água enquanto cavalgo pelo vazio existencial que me acompanha. Não me lembrava de como é boa esta sensação... De não pensar em nada específico, de apenas deixar a mente à deriva de si mesma, sem manter o foco ou sentimentos intensos por nada. Pronto! Café na xícara e o trajeto de volta para cama. Ainda tenho alguns minutos antes que o mundo caótico me alcance. Tomo meu café, olho para o relógio e penso: Só mais dez minutos...

Humanidade...

Às vezes, no caminho da jornada, Me vejo perdido em meio à confusão.. Busco ajuda na vida atribulada, Na busca por um raio de instrução. Nem sempre é fácil pedir auxílio, Orgulho e medo travam o meu passo. Mas sei que na fraqueza há um brilho, Quando permito que o outro seja o compasso. É humilde reconhecer a própria falta, Aceitar que sozinho não se vai longe. Na troca sincera, a alma se exalta, E a jornada se torna mais bela e forte. Assim, nas dificuldades do dia a dia, Aprendo que pedir ajuda é sabedoria.

Aquele tipo de gente

No sertão da vida, há um tipo de gente, Que só nos procura quando lhes convém. Como o vento que muda sem ter presente, Só aparecem quando algo lhes convém. Na cidade ou roça, lá estão eles, Pedindo favor como se fossem fiéis. Mas quando precisamos, cadê? Nem sequer vêm, Esses oportunistas, que a todo custo têm seus quereres. São como sombra, que some ao escurecer, Apenas surgem quando a luz lhes convém. Não são amigos, apenas sabem escolher O momento certo para pedir o que querem. Mas no cordel da vida, o que se planta se colhe, E quem só aparece quando precisa, só perde. Pois amigos verdadeiros, no coração se escolhe, E não são como esses que só aparecem quando oportune. Portanto, amigo, sejas sempre verdadeiro, Não sejas como esses que só nos querem no aperto. Pois no cordel da vida, o que vale é o parceiro, Que está presente em todo tempo, sem rodeio ou concerto.

Solitude (Cordel)

No rincão do silêncio, onde o eco é mudo,  Vive a solitude, num espaço desnudo. Um cordel vou narrar, sobre essa jornada, Pelos campos da alma, onde a paz é encontrada. No compasso do tempo, na solidão a vaguear, Encontro um refúgio, um lugar a habitar. Longe do tumulto, da pressa e do burburinho, Solitude é a companhia, num doce carinho. No silêncio do quarto, no sussurro do vento, Solitude me guia, num eterno lamento. É no encontro comigo, que me descubro inteiro, No silêncio da alma, sou meu próprio roteiro. Nas noites estreladas, sob o céu a brilhar, Solitude me ensina a me amar e a sonhar. É no vazio aparente, que encontro plenitude, Na simplicidade da vida, na quietude. Não é solidão triste, nem vazio de amor, É um encontro sagrado, com o próprio ardor. Na solitude encontro força, encontro verdade, É uma dança serena, numa eterna saudade. Assim termina este cordel, sobre solitude e paz, Um convite à contemplação, sem pressa, sem disfarçar. Pois na solidão encontramos, o nosso...

Aceitar e recomeçar

No ciclo da vida, há sempre um recomeço, Um novo horizonte a se vislumbrar, Mesmo após cada tropeço e tropeço, A esperança nos faz novamente alçar. Os erros do passado não são grilhões, Mas lições que nos guiam pelo caminho, No recomeçar, encontramos os refrões Que ecoam em nosso ser com carinho. É a chance de escrever uma nova história, Deixar para trás o peso do pretérito, E em cada passo, encontrar a glória. No recomeço, encontramos o infinito, A força para seguir em frente, sem demora, E fazer do amanhã nosso rito. Que sejamos livres da nossa própria vontade, E que a felicidade seja nossa maior verdade, Pois só assim viveremos em plenitude e liberdade.