Pais precoces de nossos pais
Talvez eu esteja sendo egoísta com o que vou
escrever aqui. Na verdade, até acredito que estou sendo, mas é o que penso e no
fundo é para isso que este blog serve. Colocar o que tenho pensado.
Na minha humilde e teimosa opinião, o Ciclo
da Vida nos dá conceitos básicos, intrínseco ao nosso DNA. Algo que vai muito
além da frase célebre, muitas vezes creditada a Alan Kardec que nascemos,
crescemos, nos reproduzimos e envelhecemos. (NAÎTRE, MOURIR, RENAÎTRE ENCORE ET
PROGRESSER SANS CESSE TELLE EST LA LOI). Existem subfases nessa brincadeira... Muitas. E hoje vou tratar de uma: Pai e Filho / Filho e pai.
Creio que os nossos maiores exemplos, que os
seres com a maior responsabilidade pela nossa formação, por nosso caráter e por
como seguiremos esse intervalo de tempo entre nascer e morrer são nossos pais.
Nós, como aprendizes erramos, os
decepcionamos, os magoamos... Não estou aqui afirmando que estamos certos ao
fazermos isso, mas é algo mais aceitável, mais dentro do que aprendemos como
Ciclo Social, entende?
Mas e quando os papeis se invertem? E quando
nossos pais são quem nos decepcionam e nos magoam? E quando os filhos se tornam
pais de teus pais antes do tempo? Digo antes do tempo, pois é obvio que em um
determinado momento, teremos que cuidar de nossos pais, seja por idade avançada
ou algum fator que se configure como um ponto fora da reta da vida.
Fico procurando saber em como chegar para
este ser humano tão especial, que abaixo de Deus é o detentor de toda a verdade
e dizer que ele está errado. Como proteger alguém que até então era uma rocha,
o alicerce de toda uma família? E ai entra outro ponto interessantemente
infeliz: Essa família se manterá de pé?
Como ser pais de nossos pais quando ainda
precisamos que eles os sejam? Como tratar como filho uma pessoa por quem temos
tanto respeito e admiração? Um respeito que beira uma religião...
Como trazer para a realidade alguém que tanto
a conhece? Como proteger teus pais das más companhias assim como eles faziam
conosco quando éramos crianças? Como mostrar que tudo isso é uma prova de amor
e não de retaliação?
Observe que estou falando dos mesmos dilemas
que nossos pais tiveram. Dos mesmos dilemas que nós, como pais, temos! Mas em
um contexto completamente inesperado.
Um dia meu herói se mostrou mais frágil do
que eu e tudo aquilo que eu tinha na minha personalidade que atribuía a ele,
não o posso mais fazer. Principalmente por não mais saber se ele foi o
responsável por isso.
Não há como se omitir na vida de alguém que
tanto se ama. Não se pode permitir que esta pessoa jogue para o ar tudo aquilo
que lutou tanto para construir. Neste momento a luta é sua. Solitária, cheia de
dúvidas, dominada por incertezas, inseguranças, mas envoltas de amor. Do mais tênue
e puro amor...
Acredite... Tenho passado as ultimas horas da
minha vida pensando nisso.
Textos relacionados:
http://www.psicologiasdobrasil.com.br/nao-estamos-preparados-para-sermos-pais-dos-nossos-pais/
http://revistadonna.clicrbs.com.br/coluna/fabricio-carpinejar-todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/
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