Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2025

Romantismo da docência

     Ser professor no Brasil, muitas vezes, é aprender a viver entre o amor pela profissão e a dor de ser invisível. É entrar em sala de aula todos os dias carregando uma responsabilidade imensa, mas sem o devido apoio.      A gente aprende a acreditar que cansaço extremo, ansiedade e noites mal dormidas são “parte do trabalho”. E, pior ainda, aprende a se calar, porque reclamar é visto como fraqueza ou falta de vocação.      O problema é que esse silêncio tem um preço alto. Segundo pesquisas recentes, o Brasil está entre os países com maior índice de professores afastados por problemas emocionais e psicológicos.      O burnout docente deixou de ser exceção para se tornar rotina. Ansiedade, depressão e estresse não são apenas palavras soltas em relatórios médicos; são rostos exaustos, vozes embargadas e vidas que vão se apagando pouco a pouco.      E, mesmo assim, a sociedade naturaliza. O professor que trabalha ...

Momentos

Imagem
Em algum momento deixei de ser menino e me tornei homem — mas esqueceram de me avisar o quanto amadurecer pode ser difícil e, ao mesmo tempo, lindo. Em algum momento deixei de ser apenas filho e me tornei pai. Foi então que compreendi quando dizem que o coração pode bater fora do peito. Em algum momento amei e, tempos depois, achei que não seria capaz de me reerguer. Mas o tempo passou... e amei muitas outras vezes. Pois em algum momento aceitei que, mesmo com o enorme risco da dor dilacerante, amar ainda é uma das melhores coisas da vida. Em tantos momentos já sorri e já chorei — ora por dor, ora por alegria. Já fui poeta, pensador, dono da verdade... e também o homem mais ignorante do mundo. E, muitas vezes, tudo isso ao mesmo tempo. Em algum momento fiz amigos para a vida toda, mas não fui avisado de que alguns partiriam, tornando-se apenas o que já eram antes: mais uma pessoa no mundo. Em algum momento fui mudado — até mesmo ao escrever este texto. Porque, no fim, o que...

Contradição educacional

Para consertar a educação, é preciso consertar as pessoas. Mas, para consertar as pessoas, é preciso consertar a educação. Percebe a armadilha? Criou-se um ciclo vicioso de difícil ruptura, um problema sistemático de proporções quase incontroláveis. A contradição dessa ideia é perturbadora, sobretudo quando notamos que o número de pessoas realmente dispostas a corrigir a rota é muito menor do que o daqueles que preferem assistir, passivamente, a este barco à deriva. Basta se mostrar indignado para ouvir, quase de imediato, vozes que tentam silenciar sua revolta: “as coisas são assim mesmo”, “não vale a pena se estressar”, “quanto antes aceitar, melhor”. E, como se fosse um metal raríssimo no universo, dificilmente se encontra alguém que compartilhe a mesma indignação, o mesmo fogo no coração para enfrentar essa realidade. E talvez seja justamente essa a parte mais dolorosa: perceber que a maioria se acomoda, se cala e se molda ao fracasso, enquanto poucos ousam remar contra a corrente....

Nostalgia ou despertar?

Imagem
Em um destes momentos de vagância pelos vídeos aleatórios na internet, vi um vídeo de um casal se beijando como se o mundo tivesse parado. Ela repousava no colo dele, os dois entrelaçados, perdidos naquele instante que parecia não ter fim. E de repente me vi ali, em outra época, lembrando de quando eu também me entregava assim. Lembrei do portão de casa, das horas que se estendiam em beijos longos, do coração acelerado e daquela sensação de que nada mais existia além daquele momento. Foi inevitável pensar: por que não faço mais isso? Por que deixei escapar algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundo? Talvez o tempo tenha me mudado. As responsabilidades chegaram, os dias ficaram mais cheios, e aquele jeito despreocupado de amar foi se escondendo atrás da rotina. Mas a lembrança não veio apenas como saudade. Veio como um chamado. Como quem sussurra que ainda é possível. Que o amor não perde a força com os anos, apenas muda de forma. E que, se eu quiser, ainda posso vol...

Mais forte do que dizem...

Imagem