Soneto da Entrega Velada
Eu me entrego inteiro, sem medidas,
mas ergo muros dentro de mim,
temendo o peso da entrega nua,
camuflando a alma entre risos e sarcasmos.
Amo com a força de um furacão contido,
minhas mãos tremem sob a aparência calma,
e o medo dança junto à esperança,
fazendo morada entre o peito e o silêncio.
Às vezes, transbordo sem aviso,
me escapo no olhar, no toque, no vazio,
e deixo rastros do que escondo tão bem.
Ainda assim, caminho.
Com o peito aberto e a alma exposta,
esperando ser visto e aceito — inteiro.
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