Tem dias...

Hoje despertei em desalinho — como se o sol tivesse se esquecido de me combinar com o dia.
Me vesti com minhas contradições e fui brigar comigo no espelho.
As certezas que eu criava com tanto zelo se esconderam debaixo da cama, com medo do meu novo jeito de pensar errado.

Há manhãs em que o coração acorda tropeçando, e os pensamentos, bêbados de sombra, não se entendem nem por compaixão.
Costumo perdoar esses dias. Mas hoje não: hoje o não-bem me pesa como pedra molhada.
Não é justo dizer que tudo bem quando o peito amanhece desabitado.

Meu coração virou um quintal de tambores, batendo fora do ritmo.
Minha cabeça, um formigueiro desarrumado, depois que um tamanduá de ideias veio fazer visita sem ser chamado.
E eu, perdido entre os dois, não sei mais quem comanda quem.

Tô cansado e desperto, manso e em guerra.
Fecho os olhos e, no escuro das pálpebras, o cinema da minha mente projeta seus delírios —
filmes que não pedi pra assistir, mas que insistem em me estrear.

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