Vertigem
Não me peça para entender o teu medo de errar, pois eu carrego nos ossos a febre do risco, a fome do precipício que engole certezas e devolve ao mundo um grito selvagem. O erro, para mim, não é vergonha, mas a cicatriz que inscreve a vida na carne. É o beijo que queima, o golpe que cura, a verdade crua que nasce das ruínas. Teu medo é uma prisão que não me serve, uma sombra que sufoca o fogo que sou. Enquanto te vestes de dúvidas e pronomes indecisos, eu caminho nu pelo terreno do improvável, onde cada queda me erige mais forte. Por que temer o erro, se ele é a única trilha até o êxtase do acerto? Por que fugir da falha, se o coração só aprende sua música no compasso da queda? Não me peça para entender o que te paralisa, pois eu sou o contrário da espera. Sou o salto no vazio, o sangue pulsando nas veias, o furor de quem vive mais que planeja, de quem sente mais que teme. Então, erra. E se for cair, que tua queda seja grandiosa, capaz de incendiar o chão e as estrelas. Pois não há vida...