Ilusão

Sinto falta de tudo aquilo que nunca fomos. Nostalgia de tudo aquilo que nunca vivemos.
Carrego em mim alvitres de momentos que jamais existiram e meu peito se sobrecarrega de um anseio louco por uma pessoa que nunca existiu.
Recordo-me de todas as falsas juras de amor e convivo com o vazio que em algum momento, por um breve e eterno momento, foi completamente preenchido por toda essa ilusão que foi criada em mim, por mim.
Sou apaixonado por um ser que só eu enxerguei! Ah, quem me dera fechar os olhos e acordar no momento em que não te inventei. Mas ao contrário, eu te arquiteto, te reinvento, te apago e te rascunho novamente e exatamente igual a primeira vez.
Como pode o coração se enganar assim? Ver o sol onde a noite perdura, vislumbrar doçura onde só houve amargura. Como pode viver em um pesadelo tão eterno, sabendo da verdade e não conseguir despertar?
E nessa tortura de viver a verdade, buscando provar que foi autêntico, o tempo insiste em não passa. Parece preferir ficar preso a um passado inexistente, com momentos fictícios, palavras inventadas e desculpas mal contadas.
Por mais que eu minta não sentir, experimento diariamente o desejo de ser mais uma vez, você e eu.

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