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Mostrando postagens de março, 2025

Colecionador de Verdades

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Me interesso pelas imperfeições, pelos traços que fogem do espelho, pelas marcas que o tempo desenha sem pedir permissão. Não busco falhas para julgamentos, nem procuro rachaduras para explorar. Me interesso pelo que escapa dos filtros, pelo que resiste ao brilho forçado, pelo que é real, sem ensaios, sem poses repetidas. Num mundo cada vez mais retocado, ainda prefiro a foto antiga, revelada na surpresa do filme, onde cada detalhe é um pedaço de história, onde cada ruga é uma memória, onde cada olhar carrega um segredo. Quero o que não querem mostrar, o riso que escapa sem aviso, o choro que treme na voz. Quero o sentimento bruto, genuíno, verdadeiro e clichê. Quero colecionar pessoas reais, histórias que não se apagam, sorrisos que não se ensaiam, sentimentos que vivem sem medo de existir.

Soneto da Entrega Velada

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Eu me entrego inteiro, sem medidas, mas ergo muros dentro de mim, temendo o peso da entrega nua, camuflando a alma entre risos e sarcasmos. Amo com a força de um furacão contido, minhas mãos tremem sob a aparência calma, e o medo dança junto à esperança, fazendo morada entre o peito e o silêncio. Às vezes, transbordo sem aviso, me escapo no olhar, no toque, no vazio, e deixo rastros do que escondo tão bem. Ainda assim, caminho. Com o peito aberto e a alma exposta, esperando ser visto e aceito — inteiro.

Desabafo de um professor

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Há um mês, me perguntaram qual era o meu maior desafio para este ano. Respondi sem hesitar: vencer a descrença e o desânimo com a minha profissão. O que mudou desde então? Apenas o tamanho do desafio. A gestão sufoca, impõe, agride. Os estudantes e responsaveis que se colocam acima de tudo e todos sem a menor preocupação com a aprendizagem Pedagogos mais preocupados em não desagradar os pais do que em garantir uma organização pedagógica eficiente. O que eu não ouço — e talvez nunca tenha ouvido — é qualquer sinal de preocupação com o professor. Aquele que carrega o peso das exigências, que precisa ministrar conteúdo, ser psicólogo, mediador de conflitos e, ainda assim, seguir firme. Até quando amar o que se faz será o suficiente? Até adoecer? Até desistir? Até morrer? Porque em qualquer um destes cenários, haverá apenas a certeza do quando somos substituíveis e nada importantes. O egoísmo tem adoecido um dos personagens mais marcantes na vida de um jovem. Enquanto tentam no...